Olá seguidores do Blog Ex Libris! Hoje é dia de invasão aqui no blog, e eu vou invadir o espaço de resenhas de livros da Larissa com um post do livro ''Os dias do Cervo''. Toda quinta irei postar alguma coisa. Espero que gostem!
“Vim para deixar memória de uma grande e terrível batalha. Talvez uma das maiores e mais terríveis que foram travadas contra as forças do Ódio Eterno. E foi quando uma era terminava e outra, nefasta, estendia-se até os últimos refúgios.”
“Os Dias do Cervo” é uma excelente ficção argentina muito bem recebida pela crítica e pelo público latino-americano. O livro conquistou diversos prêmios, como Feira do livro de Buenos Aires e Prêmio Fantasia, ambos em 2000, ano em que foi publicado no exterior.
O primeiro volume da trilogia “A Saga dos
Confins” é dividido em três partes e
narrado em terceira pessoa. Conta a história do povo de um continente chamado
Terras Férteis, uma terra na qual seus habitantes de diferentes costumes,
línguas e crenças convivem plenamente com a natureza e uns com os outros (ou
não), apesar de suas disparidades.
Quando os Grandes Astrônomos prevêem que
estrangeiros advindos das Terras Antigas pretendem embarcar naus em seu
território, esses sábios se encontram em uma encruzilhada: O povo das Terras
Férteis deve recebê-los com a alegria de um reencontro ou com a tristeza de uma
guerra?
Nesse contexto a família do guerreiro Dulkancellin
é inserida, iniciando a primeira parte da história. Composta por sua mãe, Velha
Kush, e seus filhos Thungur, Kume, Piukemán, Kuy-Kuyen e Wilkilén, esse grupo
vive n’Os Confins, uma região do continente ocupada pelo povo husihuilke. Povo
de homens guerreiros e fortes e de mulheres doces e belas.
A cotidiana vida dessa família husihuilke é
abalada com a chegada de Kupuka, um bruxo amado por todos os husihuilkes, e
posteriormente, Cucub. Através deles Dulkancellin descobre que fora escolhido, dentre todos de
seu povo, para comparecer a um concílio na Casa dos Astrônomos, em Beleram,
onde iria decidir, junto com representantes de todos os outros povos das Terras
Férteis, como deveriam receber os estrangeiros vindos do outro lado do mar
Yentru.
A segunda parte da obra é centrada na
viagem de Dulkancellin a Beleram e no próprio concílio, no qual uma decisão é
tomada. Somos apresentados a todos os representantes das raças das Terras
Férteis. A última parte é a mais movimentada de
todas. Muitos acontecimentos e revelações chocantes ocorrem. Pararei por aqui,
caso contrário revelaria muitos spoilers. Posso dizer que é minha parte
preferida das três.
De todos os personagens podem-se destacar
Dulkancellin e Cucub. De mais odiados passaram a ser meus preferidos. Dulkancellin
era o líder de família quieto, seco, rígido. É certo que a obra retrata tempos
passados, e a maioria dos líderes de família eram dessa maneira, mas essas
características não deixaram de me irritar. O problema de Cucub era diferente.
É um personagem aberto, extrovertido e engraçado. O que não me deixou
satisfeito com ele foi o fato de ele ser enrolado. Através da orelha do livro
temos uma idéia do que vai acontecer, e o personagem gastou páginas e páginas
para deixar claro tudo o que já sabíamos. Achei isso muito entediante. Foi o
que me fez desistir da obra pela primeira vez. Talvez fosse melhor se tivesse
lido o livro sem nenhuma informação sobre ele, mas isso é algo muito difícil de
acontecer. Quem inicia uma leitura sem ler a contracapa ou a orelha do
livro?
Como já escrevi, eles passaram de odiados a
favoritos. Isso se deu através da mudança. A partir da segunda parte da obra esses
dois personagens passam por situações nas quais a rapidez e comunicação são
imprescindíveis. Dessa forma, Cucub torna-se mais objetivo e Dulkancellin mais
comunicativo, fazendo com que o conheçamos melhor. Os personagens se
desenvolvem e apresentam lados, que em suas vidas cotidianas, não seriam
apresentados.
Adorei a Velha Kush, típica anciã sábia e
amável. Os filhos de Dulkancellin não têm muito espaço, mas quando se tornam
presentes é sempre de maneira marcante, no caso dos meninos, e encantadora, no
caso das meninas.
Particularmente, achei a obra muito bem escrita.
E a tradutora do livro, Sandra Martha Dolinsky,
utilizou algumas palavras não muito usuais no nosso vocabulário,
o que deu ao livro um ar ancestral. A linguagem também é muito interessante. É
poética, mas ao mesmo tempo clara e prática. Senti-me ouvindo a história
diretamente de um ancião como velha Kush ou Kupuka. Maravilhoso.
Segundo a contracapa, ao decorrer do livro podem-se
observar algumas tradições celtas e latino-americanas, o que me chamou muita
atenção e foi um dos fatores que me fizeram comprá-lo. Gostei muito de todas as
lendas e tradições apresentadas. Se eram celtas, eu não sei, mas com certeza
eram latino-americanas. Além do mais, Bodoc deixa muito explícita a correlação
da história das Terras Férteis com a descoberta da América pelos europeus, o
que foi um fator marcante no livro.
No geral “Os Dias do Cervo” é um ótimo
livro de fantasia. E sim, está em nível de diversos livros que circulam no
mercado internacional. No entanto, pecou no desenvolvimento inicial do livro e, na minha opinião, na personalidade de alguns personagens, deixando o começo da obra meio entediante. Por isso classifiquei com quatro estrelas.
Queria terminar essa resenha pedindo a
vocês, leitores, que dêem chances aos livros nacionais e latino-americanos.
Existem livros muito bons, e alguns, até melhores que os estrangeiros. Não é
certo julgar um livro através da nacionalidade de um autor. Todos têm as mesmas
chances de serem ótimos escritores, independentemente do local no qual
nasceram! Não estou pedindo que deixem de ler os livros estrangeiros (quem vai
fazer isso? u.u), mas que dêem uma variada nas suas leituras. Pensem bem sobre as
histórias que vocês podem estar perdendo!
PS: Procurando informações sobre a saga
encontrei um blog da própria Liliana Bodoc! Nele ela compartilha textos, fotos,
entre outras coisas inéditas relacionadas à saga. O que mais gostei no site
foram os desenhos dos personagens deixados pela autora. São muito lindos! Pra
quem quiser acessar: http://elartedelosconfines.blogspot.com.br/
PSS: Esperando o lançamento da seqüência,
apesar de estar com medo de a autora escrever algo repetitivo. =S
Abraços,
T. L. Lima
Abraços,
T. L. Lima
Esse é um dos livros que quero muito ler, mas ainda não tive a oportunidade de fazê-lo. A resenha está demais!
ResponderExcluirAcessei ao site e os desenhos são realmente lindos. É bom quando o autor consegue expressar-se até com desenhos, fica ainda mais claro para os leitores "se afundar" na história.
Adorei o blog e quero saber todas as novidades! Já estou seguindo. Espero que curta o meu!
www.pronomeinterrogativo.com
Indico demais esse livro. Ele é muito bom! O pior é que eu não dava nada por ele no começo né. Mas enfim, que bom que gostou da resenha! Meu primeiro comentário! *_____________________*
ExcluirCom certeza seguirei seu blog! Espero que continue lendo e comentando os posts daqui.
Abraços,
T. L. Lima
Li esse livro recentemente, ele foi escrito de uma forma muito rica, achei uma delicia a forma como a autora utilizou as palavras rsrsrs.
ResponderExcluirPorém, o "defeito" do livro ao meu ver foi ele ser previsível, ai perde a graça. Algumas coisas estavam muito na cara como, por exemplo, o representando do povo do sol ser um traidor.