quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Resenha de Livro: A Saga dos Confins - Os Dias do Cervo (Vol.1)



Olá seguidores do Blog Ex Libris! Hoje é dia de invasão aqui no blog, e eu vou invadir o espaço de resenhas de livros da Larissa com um post do livro ''Os dias do Cervo''. Toda quinta irei postar alguma coisa. Espero que gostem!

“Vim para deixar memória de uma grande e terrível batalha. Talvez uma das maiores e mais terríveis que foram travadas contra as forças do Ódio Eterno. E foi quando uma era terminava e outra, nefasta, estendia-se até os últimos refúgios.”

“Os Dias do Cervo” é uma excelente ficção argentina muito bem recebida pela crítica e pelo público latino-americano. O livro conquistou diversos prêmios, como Feira do livro de Buenos Aires e Prêmio Fantasia, ambos em 2000, ano em que foi publicado no exterior.

O primeiro volume da trilogia “A Saga dos Confins”  é dividido em três partes e narrado em terceira pessoa. Conta a história do povo de um continente chamado Terras Férteis, uma terra na qual seus habitantes de diferentes costumes, línguas e crenças convivem plenamente com a natureza e uns com os outros (ou não), apesar de suas disparidades.

Quando os Grandes Astrônomos prevêem que estrangeiros advindos das Terras Antigas pretendem embarcar naus em seu território, esses sábios se encontram em uma encruzilhada: O povo das Terras Férteis deve recebê-los com a alegria de um reencontro ou com a tristeza de uma guerra?

Nesse contexto a família do guerreiro Dulkancellin é inserida, iniciando a primeira parte da história. Composta por sua mãe, Velha Kush, e seus filhos Thungur, Kume, Piukemán, Kuy-Kuyen e Wilkilén, esse grupo vive n’Os Confins, uma região do continente ocupada pelo povo husihuilke. Povo de homens guerreiros e fortes e de mulheres doces e belas.  

A cotidiana vida dessa família husihuilke é abalada com a chegada de Kupuka, um bruxo amado por todos os husihuilkes, e posteriormente, Cucub. Através deles Dulkancellin  descobre que fora escolhido, dentre todos de seu povo, para comparecer a um concílio na Casa dos Astrônomos, em Beleram, onde iria decidir, junto com representantes de todos os outros povos das Terras Férteis, como deveriam receber os estrangeiros vindos do outro lado do mar Yentru.  

A segunda parte da obra é centrada na viagem de Dulkancellin a Beleram e no próprio concílio, no qual uma decisão é tomada. Somos apresentados a todos os representantes das raças das Terras Férteis. A última parte é a mais movimentada de todas. Muitos acontecimentos e revelações chocantes ocorrem. Pararei por aqui, caso contrário revelaria muitos spoilers. Posso dizer que é minha parte preferida das três.

De todos os personagens podem-se destacar Dulkancellin e Cucub. De mais odiados passaram a ser meus preferidos. Dulkancellin era o líder de família quieto, seco, rígido. É certo que a obra retrata tempos passados, e a maioria dos líderes de família eram dessa maneira, mas essas características não deixaram de me irritar. O problema de Cucub era diferente. É um personagem aberto, extrovertido e engraçado. O que não me deixou satisfeito com ele foi o fato de ele ser enrolado. Através da orelha do livro temos uma idéia do que vai acontecer, e o personagem gastou páginas e páginas para deixar claro tudo o que já sabíamos. Achei isso muito entediante. Foi o que me fez desistir da obra pela primeira vez. Talvez fosse melhor se tivesse lido o livro sem nenhuma informação sobre ele, mas isso é algo muito difícil de acontecer. Quem inicia uma leitura sem ler a contracapa ou a orelha do livro? 

Como já escrevi, eles passaram de odiados a favoritos. Isso se deu através da mudança. A partir da segunda parte da obra esses dois personagens passam por situações nas quais a rapidez e comunicação são imprescindíveis. Dessa forma, Cucub torna-se mais objetivo e Dulkancellin mais comunicativo, fazendo com que o conheçamos melhor. Os personagens se desenvolvem e apresentam lados, que em suas vidas cotidianas, não seriam apresentados.

Adorei a Velha Kush, típica anciã sábia e amável. Os filhos de Dulkancellin não têm muito espaço, mas quando se tornam presentes é sempre de maneira marcante, no caso dos meninos, e encantadora, no caso das meninas.

Particularmente, achei a obra muito bem escrita. E a tradutora do livro, Sandra Martha Dolinsky,
utilizou algumas palavras não muito usuais no nosso vocabulário, o que deu ao livro um ar ancestral. A linguagem também é muito interessante. É poética, mas ao mesmo tempo clara e prática. Senti-me ouvindo a história diretamente de um ancião como velha Kush ou Kupuka. Maravilhoso.

Segundo a contracapa, ao decorrer do livro podem-se observar algumas tradições celtas e latino-americanas, o que me chamou muita atenção e foi um dos fatores que me fizeram comprá-lo. Gostei muito de todas as lendas e tradições apresentadas. Se eram celtas, eu não sei, mas com certeza eram latino-americanas. Além do mais, Bodoc deixa muito explícita a correlação da história das Terras Férteis com a descoberta da América pelos europeus, o que foi um fator marcante no livro.

No geral “Os Dias do Cervo” é um ótimo livro de fantasia. E sim, está em nível de diversos livros que circulam no mercado internacional. No entanto, pecou no desenvolvimento inicial do livro e, na minha opinião, na personalidade de alguns personagens, deixando o começo da obra meio entediante. Por isso classifiquei com quatro estrelas.

Queria terminar essa resenha pedindo a vocês, leitores, que dêem chances aos livros nacionais e latino-americanos. Existem livros muito bons, e alguns, até melhores que os estrangeiros. Não é certo julgar um livro através da nacionalidade de um autor. Todos têm as mesmas chances de serem ótimos escritores, independentemente do local no qual nasceram! Não estou pedindo que deixem de ler os livros estrangeiros (quem vai fazer isso? u.u), mas que dêem uma variada nas suas leituras. Pensem bem sobre as histórias que vocês podem estar perdendo!

PS: Procurando informações sobre a saga encontrei um blog da própria Liliana Bodoc! Nele ela compartilha textos, fotos, entre outras coisas inéditas relacionadas à saga. O que mais gostei no site foram os desenhos dos personagens deixados pela autora. São muito lindos! Pra quem quiser acessar: http://elartedelosconfines.blogspot.com.br/
PSS: Esperando o lançamento da seqüência, apesar de estar com medo de a autora escrever algo repetitivo. =S 

Abraços,

T. L. Lima 
 

3 comentários:

  1. Esse é um dos livros que quero muito ler, mas ainda não tive a oportunidade de fazê-lo. A resenha está demais!

    Acessei ao site e os desenhos são realmente lindos. É bom quando o autor consegue expressar-se até com desenhos, fica ainda mais claro para os leitores "se afundar" na história.

    Adorei o blog e quero saber todas as novidades! Já estou seguindo. Espero que curta o meu!
    www.pronomeinterrogativo.com

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    1. Indico demais esse livro. Ele é muito bom! O pior é que eu não dava nada por ele no começo né. Mas enfim, que bom que gostou da resenha! Meu primeiro comentário! *_____________________*

      Com certeza seguirei seu blog! Espero que continue lendo e comentando os posts daqui.

      Abraços,
      T. L. Lima

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  2. Li esse livro recentemente, ele foi escrito de uma forma muito rica, achei uma delicia a forma como a autora utilizou as palavras rsrsrs.
    Porém, o "defeito" do livro ao meu ver foi ele ser previsível, ai perde a graça. Algumas coisas estavam muito na cara como, por exemplo, o representando do povo do sol ser um traidor.

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